Colesterol é um ácido graxo essencial para a vida.
Presente em todas as membranas celulares, sem ele não haveria os hormônios sexuais, vitamina D, sistema imunológico nem o cérebro.
O conceito de que o colesterol estava relacionado ao infarto agudo do miocárdio surgiu da constatação de sua presença nas placas que obstruem as artérias coronárias. Mas ele é inocente! O colesterol é um grande reparador de tecidos. Onde há lesão tecidual, lá está o colesterol – como um cimento para corrigir as imperfeições.
É a inflamação na artéria que estimula o colesterol a se depositar no local. Esse processo de tentativa de reparo pode promover até a obstrução completa do vaso sanguíneo levando ao infarto.
Entretanto, culpar o colesterol pela obstrução é um erro:
- 50% dos pacientes com IAM (infarto agudo do miocárdio) têm níveis normais de colesterol.
- Mais de 50% das pessoas com “colesterol elevado” têm as artérias saudáveis.
Além do mais, o paciente já teria morrido de hemorragia intravascular caso o colesterol não estivesse lá para reparar a região lesionada.
A importância conferida ao colesterol na gênese das doenças cardíacas faz com que a verdadeira causa do problema não seja acessada. É a inflamação subjacente, provocada por maus hábitos de vida, que deve ser atacada de frente.
Veja como fazê-lo:
- Evitar a ingestão de açúcar, gordura hidrogenada (trans) e glúten – todos são grandes agentes inflamatórios. O álcool também!
- Exercitar-se intensamente por pelo menos 20 minutos diariamente.
- Levar a vida com menos estresse – a meditação é um recurso cientificamente comprovado e extremamente útil.
- Manter a homocisteína abaixo de 6 micromol por litro. Isso pode ser obtido através da suplementação com as vitaminas B6, B9 e B12. Usar as formas ativas (piridoxal-5-fosfato, metilfolato e metilcobalamina).
- Consumir cerca de 3 g de ômega 3 diariamente.
- Consumir fibra alimentar de boa qualidade
Essas medidas são capazes de reduzir a inflamação que prejudica não apenas as artérias, mas o organismo como um todo, especialmente o hipocampo – área cerebral responsável pela memória.
Saiba que:

- Não há diferentes tipos de colesterol: “bom” ou “ruim”. Como o colesterol é insolúvel no sangue são necessárias lipoproteínas para transportá-lo. São elas: LDL e HDL.
– Quando o colesterol vai do fígado para os tecidos, ele é transportado pelo LDL.
– O excesso é removido dos tecidos e trazido de volta, para ser reciclado no fígado, pelo HDL.
– Há dois tipos de LDL colesterol. O padrão A é composto de partes grandes e não capazes de penetrar no endotélio. O padrão B é composto de partes pequenas, inclusive triglicerídeos, que podem penetrar na parede vascular e favorecer a formação de placas.
Mas, mesmo o LDL padrão B não é o vilão da história. Ele apenas penetrará no tecido para tentar repará-lo, caso haja inflamação.
2- Em 2004 quinze médicos dos EUA decidiram abaixar o valor de referência do LDL colesterol de 130 para 100. Esse ato colocou, da noite para o dia, 8 milhões de americanos sob necessidade de medicação. Hoje sabemos que todos eles tinham vínculos com a indústria farmacêutica.
3- Até a década de 70 o valor de referência para o colesterol total era 350. Hoje é considerado 200.
4- Triglicérides são usados para transportar o excesso de carboidratos. Para baixá-lo basta reduzir a ingestão de açúcar.
O melhor preditor da doença cardíaca é de longe a relação entre os triglicérides e o HDL colesterol. Isso, porque quando os triglicerídeos estão aumentados, muito provavelmente o colesterol LDL padrão B também estará. A divisão triglicérides/HDL resultando em valor menor que 2 sugere que o LDL é mais do padrão A, portanto não indica risco. Sendo maior que 6, sugere que o LDL é mais do padrão B e aponta maior risco cardiovascular.
Logo, o LDL isoladamente não nos oferece nenhum indicador de risco.
Hoje, sabemos que a ingestão de gordura saturada aumenta o LDL do padrão A, provando a inocência da manteiga, carnes e ovos. Enquanto açúcar e carboidratos refinados aumentam o LDL do padrão B, confirmando assim a sua culpa.
Sendo a doença cardíaca a principal causa de morte nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, o não reconhecimento de suas verdadeiras causas resulta em duas grandes tragédias:
- Milhares de mortes deixam de ser evitadas
- Os medicamentos utilizados no tratamento do “colesterol elevado” causam grandes prejuízos à saúde.
Já fazem mais de 20 anos que o Dr. Dean Ornish, médico e pesquisador da Universidade da Califórnia em São Francisco comprovou que as placas ateromatosas nas artérias coronárias podem ser evitadas e, até mesmo, eliminadas – sem uso de medicamentos.
Deixemos o colesterol em paz e cuidemos dos nossos hábitos.